segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um Dia da Caça...

Partindo-se do pressuposto que para ser ético devemos nos basear fundamentalmente no princípio da igualdade para com nossos semelhantes, também devemos supor que esse princípio faça-se valer para com os animais não-humanos, tendo em vista que eles, assim como nós, têm a mesma capacidade de sofrer, isso implica que eles têm interesses, diferentes, mas não totalmente diversos dos nossos. Sendo assim, o homem, no momento em que exclui os animais da condição de igualdade, o faz de forma irrefletida e antiética, por desconsiderar os interesses de seus, também, semelhantes.

Em uma escala mais ampla, ao permitir que os homens possam se eximir da responsabilidade ética para com os animais, adotam-se as mesmas premissas que permitiram aos europeus usurparem a liberdade individual dos negros. Tanto a relação dos europeus para com os negros, quanto a da espécie humana para com os animais é estabelecida fundamentada em princípios do especismo.

Não existe alegação suficientemente embasada que possa atribuir direito aos humanos de fazer o que bem entenderem com os animais não humanos, caso contrário fosse, deveríamos concordar com práticas nazi-fascistas, pois tanto estas como aquelas se valem de princípios que resultam no especismo para validarem suas práticas. Ou seja, a questão social, assim como a ambiental é tratada a partir de um viés insuficientemente elaborado nesses casos, pois as suposições que levaram os europeus a vilipendiarem os negros e os nazistas a perseguirem os judeus em nada diferem das que hoje legitimam a soberania da sociedade humana sobre as outras inumeráveis sociedades de animais não humanos: a desvalorização completa e absoluta dos interesses de outrem.

Indubitavelmente, o sofrimento dos humanos e dos animais não pode sempre ser depreendido com base em um mesmo ponto de vista, pois ambos têm características peculiares que alteram a percepção dos fatos correntes, tornando o sofrimento ora mais árduo para um, ora para outro. Como exemplo, poderíamos trazer a ideia da morte que, até onde sabemos, é entendida de forma mais profunda pelos humanos, os quais, em determinadas situações, podem melhor compreender que seu falecimento é ou não iminente, o que lhe causaria mais ou menos apreensão, diferentemente do que ocorre para um animal colocado na mesma situação. Por exemplo, há a possibilidade de esclarecer a um homem que após certos procedimentos hostis ele será liberto ileso. Isso faria com que a pessoa que vivenciasse essa experiência sofresse o impacto psicológico e talvez físico, mas, de qualquer forma, saberia que sairia ileso, fator que lhe atribuiria um significativo conforto. Em contrapartida, um animal colocado em situações semelhantes sofre muito mais, pois, para ele, um procedimento hostil significa a morte. Não há como explicar para um boi que está prestes a ser marcado com o ferro em brasa, ou para um touro de rodeio que seu sofrimento será momentâneo.

É claro que em outras ocasiões podemos obter a situação inversa: o homem sofrendo mais do que o animal. Podemos pensar em uma doença terminal e incurável. O animal, mesmo tendo suas funções cognitivas ou motoras alteradas, talvez não chegue à hipótese de que sua morte se anuncia. Diferente de como ocorre com os humanos. Destarte, o conflito psicológico que se abate sobre os animais humanos causa mais sofrimento. Contudo, para que práticas experimentais sejam legitimadas em animais, levando-se em consideração esse aspecto, considerar-se-ia que o fato de não se ter consciência de seu próprio bem-estar pleno permitiria que aqueles que têm consciência subjugassem os que não a têm. Então, seguindo essa linha, chegaríamos à conclusão da permissibilidade de práticas experimentais em crianças recém-nascidas com deficiências mentais, ou idosos acometidos por graves doenças degenerativas. No entanto, por certo, essa opção soa absurdamente inviável para a maioria das pessoas. Todavia, há de fazer-se um exercício de reflexão: quais fatores palpáveis indicam a cabal ilegitimidade desses procedimentos? É, pura e simplesmente, a igual consideração de interesses; no entanto, a partir de um viés especista, porquanto essas práticas somente soam absurdas quando dirigidas a seres de nossa mesma espécie. É claro que a desconsideração da equidade de interesses também pode se aplicar a seres da mesma espécie, nesse caso teremos a ascensão de outro conceito: o racismo. Ou seja, nós humanos, em tese, rejeitamos completamente métodos hostis que degradam pessoas, pois consideramos o nosso interesse em não sermos degradados tão digno de respeito quanto o dos outros humanos (membros de nossa espécie), mas descartamos totalmente o interesse dos animais não humanos de não quererem ser degradados, pois não atribuímos aos interesses deles o mesmo valor que aos nossos. Porém o limiar que separa a visão especista da racista é muito sensível e, em muitas vezes, pode tornar-se indissociável.

Tanto um especista como um racista valem-se dos mesmos subterfúgios para verem legitimadas suas condutas: as diferenças. No caso do especista, o que está em seu escopo são formas de assegurar as teorias arcaicas que afirmavam os animais como seres desprovidos completamente de sentimentos ou capacidades intelectuais superiores. Da mesma forma, o racista, em uma época em que a religião sobrepunha-se aos demais interesses, afirmava que os negros eram desprovidos de alma, fator, segundo eles, capaz de justificar a escravidão.

Após todas as teorias modernas a respeito da evolução animal, das quais a de Darwin foi o maior expoente, tornou-se claro o absurdo cometido tentando-se impor diferenças relevantes entre os animais humanos e não humanos. Porém, a discriminação ainda persiste baseada em pressupostos errôneos com a única e exclusiva finalidade de manter a confortável posição dos humanos com seus hábitos luxuosos de alimentação, estudo e estética.

O que há de se esperar para uma ulterior radical mudança é a conscientização de que todos os animais têm interesses e o mesmo direito de não serem usurpados de sua liberdade ou de sua vida. No momento em que admitirmos que os nossos interesses supérfluos de alimentação, estudo e vaidade não podem se sobrepor ao direito natural à vida digna, perceberemos que esse choque de interesses não podem mais suscitar discriminações ou argumentos que corroborem tais atitudes, pois o que torna o homem ético é ter uma visão ampla e equitativa das conjunturas que o rodeiam. Apoiar insossamente dada circunstância simplesmente porque se está inserido nela e em uma posição favorável é correr o risco de ver o jogo virar, e passar de caçador à caça.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

JOIO DO TRIGO


Deu na Folha:

O tribunal de justiça do Distrito Federal manteve ontem a decisão que impede o jornal “O estado de São Paulo” de publicar notícias sobre a operação ‘Boi Barrica (rebatizada de Faktor)-, investigação da Polícia Federal cujo principal alvo é o empresário Fernando Sarney, filho mais velho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Com a decisão de ontem, não cabe mais recurso ao Tribunal de Justiça do distrito Federal.

O que o jornal quer passar aos seus leitores, é que o estado, sendo mais preciso, o PT (Ptêee segundo os direitistas),"instrumentalizou" a justiça, coisa que não procede devido aos embates que ocorre entre o ministro Gilmar Mendes e o governo.

Repilo a censura na imprensa, porém divulgar supostos fatos sem o aval da justiça é achincalhar com a imagem alheia.

Nunca defenderei a família Sarney, que me parece uma co-irmã da família Magalhães na Bahia.

O jornal “O estado de São Paulo” não é o veículo mais adequado para ser o bastião da verdade acima de tudo.

Como sabemos já começou a corrida eleitoral, os jornais já estão apostando suas fichas.

O jornal “O estado de São Paulo” já fez sua primeira aposta. O PSDB.

Será que irá declarar em seu editorial ?
Só veículos responsáveis fazem, como a revista CARTA CAPITAL.

Hora de começar a separar o joio do trigo.