
Que não pode
Mudar minha direção.
Julga-me abjeto,
Objeto indireto,
Alheio a qualquer situação.
Internamente em catarse
A cada fato que cause
O irmão repartir seu pão.
DERIVAR É UMA ARTE. Compreender a arte é uma deriva. DERIVE PELA ARTE DE VIVER
O problema inerente ao filme Matrix é: até onde podemos confiar na nossa percepção que acredita diferir a realidade do idílico. Bem, esse questionamento é extremamente antigo e causa muita angústia aos que se debruçam sobre ele; pois, mesmo Descartes tendo dito “penso, logo existo”, no desespero atroz de alimentar seu egocentrismo, perguntas ainda ficam suspensas: o que é a realidade? Que garantias temos de que diferirmos o que é real do que não o é? Será que pensar é garantia de existir? O que é existir?
O homem é extremamente antropocêntrico e egocêntrico; tem dificuldade em conceber que a natureza não necessita de sua presença, muito menos de sua existência: o mundo pode girar sem ele. No entanto, essa posição é desconfortável, o que o faz, desesperadamente, procurar fórmulas incontestes e dados empíricos factuais que comprovem, inexoravelmente, a sua condição de existência e de participação do que ele acredita ser o real, o existir. Essa ideia preconcebida de homem esclarecido e detentor do conhecimento fecha os olhos para o que pode estar além do sensorial. A criança quando nasce é impelida a um mundo repleto de signos, significados e códigos. O recém nascido é carne, e só. A partir de então, mentiras e suposições tidas como verídicas são gravadas no seu cerne, no âmago de um ser acrítico.
Em tese, para um código ser minimamente confiável, devemos atribuir-lhe certas características estruturais, a saber: binariedade: cada código deve ser estruturado em paridade; polaridade: cada par binário deve manter uma relação de oposição; e assimetria: um dos componentes do par deve prevalecer em detrimento do outro. Essas características tornam possível a distinção entre a dor e o prazer; entre a água e o fogo; e etc. Mas qual é o par da realidade? Qual a sua negação?
Exatamente isso o que torna a percepção da realidade e, até mesmo, da própria existência uma suposição calcada no nada. O filme Matrix elucida esse dilema de maneira bastante interessante. Toda a vida daqueles que acreditavam estar na realidade - na qual eu e você também acreditamos estar inseridos - em verdade, estavam em um mundo alheio ao seu conhecimento, fora do seu saber e do seu entendimento e compreensão; mas só critica quem conhece, então, por estarem cegos, as pessoas ingenuamente faziam parte de uma sociedade paralela, servindo a propósitos diversos dos quais acreditavam servir. Preocupavam-se com tarefas as quais não existiam, sofriam por problemas fictícios e sentiam prazer por benefícios idílicos.
O que é mais frustrante nesse imbróglio que é, ou pode ser, a realidade é o fato de que nós, teoricamente, estamos inseridos nela, tal como ela se apresenta. Ou seja, não somos um observador externo e nunca o seremos, pois todos os artifícios e subterfúgios criados, ou que ainda o serão, vão estar fundamentados sobre a égide da “realidade” que nos foi apresentada quando ainda éramos apenas carne, e só. É como se houvesse grandes braços anuviando nossa visão, impossibilitando-nos de ver além.
Ficcionalmente, no filme Matrix alguns personagens conseguiram libertar-se dos “grandes braços” e chegaram a um estado de consciência mais avançado do que o dos demais. Entretanto, o processo de libertação não conseguiu responder satisfatoriamente a dúvida: estavam, finalmente, de fato, na realidade? Para uma análise menos redundante, cíclica e infinita, vou admitir que só haja a possibilidade de duas realidades: a idílica e a, teoricamente, real.
Ao se libertar do mundo Matrix, os personagens chegaram a uma segunda forma de realidade, com características sensoriais e perceptíveis diferentes; mas, ainda sim, que respeitavam as mesmas leis físicas de tempo, de espaço e das dimensões. Mas que garantias eles tinham de que sua nova condição existencial era a real? Nenhuma, porque, grosso modo, tanto o mundo Matrix como a “realidade” eram pautadas pelas mesmas diretrizes, pelas mesmas leis; não existia entre elas binariedade, polaridade ou assimetria. Não que as leis que validam um código, necessariamente, tenham que se aplicar à realidade absoluta. Mas, como mostrado no filme, tanto a primeira como a segunda realidade não têm atributos que podem defini-las como verdadeiras ou falsas. A linha cinematográfica adotou que, por eles no mundo Matrix estarem sonhando, e por o sonho ser definido em nossa realidade como um estado não real, eles não estariam na realidade quando no mundo Matrix. Contudo a realidade está além do conhecimento humano, ou pelo menos o conhecimento absoluto da realidade.
A principal contribuição do filme à sociedade é o fato de chocar as ideias estáveis e conservadoras dos que acreditam poder ter algum ponto de referência estável, fixo ou absoluto. Tudo são visões particulares de um todo maior e muito mais complexo, em que as leis que regem o tempo e o espaço não necessariamente são leis, tampouco o pouco que acreditamos conhecer, de fato, é conhecível. Todavia, para fins de manter a sanidade, foram adotados padrões de entendimento para que se possa haver comunicação. Para entender a realidade, abafamos as verdades e contentamo-nos com a mentira estável e imutável, movidos pelo eterno pavor da sombra da loucura que paira sobre aqueles que não se adaptam à cartilha da existência.
É de costume as pessoas mais intelectualizadas terem o hábito clichê de repudiar a televisão. Entretanto, essa recusa baseia-se em um medo difuso, não muito bem consolidado, tampouco objetivo. O receio que paira sobre as mentes abertas é de serem apanhadas pela pavorosa alienação. Mas pouco se reflete sobre como um simples aparelho pode ser genitor de uma causa tão espúria e macabra. A teoria fundamenta-se no seguinte:
Desde seu surgimento, a televisão foi feita pela elite e para a elite. Sendo assim, os “donos” do aparelho elaboravam programações especificamente para seus semelhantes, tendo em vista o altíssimo valor dos equipamentos, somente acessíveis à minoria elitizada econômica e culturalmente.
O tempo passou, e o grande negócio incipiente não seria capaz de manter-se, lucrativamente, sem sua popularização. E assim foi feito. Em pouco tempo, a televisão já estava na maioria dos lares do “povo”. Contudo, a programação sofreu mudanças drásticas somente em sua superfície, mas não em seu fundamento; a televisão continuou com seu caráter elitista; o povo via, mas não [se] via nela. As mudanças “drásticas”, na realidade, foram pequenos ajustes que possibilitaram ao “Homer” (como é tratado o “povo” por alguns marajás da comunicação, fazendo referência ao estúpido personagem dos desenhos animados) compreender minimamente o que estava sendo difundido. Criaram-se as telenovelas: nada mais do que cenas do cotidiano da elite, ou de um povo elitizado. Um cotidiano distante (do grego tele – distante) da realidade do povo, mas ao mesmo tempo, suficientemente cativante.
Então, o que se vê na televisão, hoje em dia, são, predominantemente, as excentricidades da vida: empresários ultra bem-sucedidos como Bill Gates; os homens mais influentes [do mundo]; as mulheres mais belas [do mundo]; os melhores jogadores [do mundo]; os maiores criminosos [do mundo]; a rainha dos baixinhos; o rei do pop; o fenômeno disso, a revelação daquilo; e, até, as pessoas mais feias; mais gordas; mais magras; mais isso, menos aquilo; e etc. No entanto, a percepção humana não interpreta essas personalidades excêntricas apenas como fragmentos sendo difundidos através de um aparelho que os agrega, mas percebe como se todos estivessem em um espaço físico único e determinado. Ninguém diz: eu vi fulano no programa tal. Todos dizem: eu vi fulano na [TV]. E essa informação basta para que todos entendam o significado desse código. Todavia, é descartada totalmente a enorme diferença entre ver alguém no programa sensacionalista da emissora retardatária, e ver essa mesma pessoa no programa de entrevistas da emissora segmentada, mas nem por isso menos influente.
Alguém estar na TV é o mesmo que esse alguém estar imerso em um mundo fantástico: uma sala na qual dividem espaço Ronaldo, Gisele, Michael Jackson, Airton Sena, Bush e etc. É como ser convidado para uma festa que somente os melhores, mais importantes e mais influentes são convidados. Estar na TV é ser parte integrante do mundo dos poderosos; é ser também um poderoso. Por essa razão, a televisão exerce esse poder quase hipnótico nos telespectadores.
A elite, mantendo restrito o acesso a esse meio, torna gratificante o fato de se ser “selecionado” a integrá-lo. Devido a isso, as pessoas não cobram para terem sua imagem exposta. Estar sendo divulgado já é a maior recompensa que alguém pode obter. O status de estar na mesma tela que o presidente dos Estados Unidos, ter o mesmo enquadramento que Elvis, usar o mesmo tempo de fala de Maradona e todas as outras características que são idênticas a qualquer pessoa excêntrica veiculada na televisão não tem preço.
Tudo isso forma a periculosidade da televisão. Uma afirmação dada na TV traz consigo toda a reputação e credibilidade do Papa, de Raul Seixas, da Madre Teresa, Paulo Freire e de qualquer outra personalidade que já foi meticulosamente selecionada para integrar o rol dos “escolhidos”. Desta forma é que se cria a fascinação por aqueles e por aquilo que “aparece” na televisão. Por essa razão que até os mais sábios, após sessões de lavagem cerebral indireta, podem passar a admirar pessoas inseridas no padrão de beleza; achar marcas, modelos de veículos e roupas mais atraentes; e realmente acreditar na superioridade de certos produtos alimentícios.
O medo da alienação reside em nossa desconfiança em relação às nossas faculdade psíquicas que podem falhar ao discernir os fragmentos que inundam a tela do todo complexo que é a televisão. Qualquer um sabe que certo programa não merece credibilidade, entretanto podemos falhar em repudiar a pseudo-veracidade desse programa, devido a toda a carga de credibilidade que outros programas em certas épocas transmitiram.
O grande risco que a televisão representa à sanidade intelectual é a fácil substituição da parte pelo inteiro. Precisamos doutrinar nossa mente a reconhecer cada fragmento exposto como apenas um fragmento e nada mais que isso. Sem carga passada ou atributos agregados. Cada momento televisivo deve ser um momento iniciado e acabado nele mesmo, sem deixar resquícios ou margem a interpretações subsequentes ou adjacentes.
O trabalho de ourives até podermos, em segurança, subtrair algo de útil do instrumento doutrinário das elites é árduo. Então, pelo sim, pelo não, deixá-la desligada é a atitude mais prudente.
Vivemos em um verdadeiro mundo caótico e de valores deturpados. O individualismo mórbido segrega e tortura o desenvolvimento racional. O consumismo supri-se da ignorância. E na contramão disso tudo vem o admirável mundo novo da utópica Internet. Um mundo paralelo que, embora surgido da ânsia do capitalismo voraz, é sua antítese, é o sistema marginal desse mundo fadado ao fracasso.
O que antes tinha a simples intenção de transmitir informações e projeções financeiras das grandes máfias corporativas que controlam os mercados de ações, nas mãos de Gates, Jobs e outros se popularizou. E hoje é o espaço da difusão do livre pensamento e da verdadeira liberdade de expressão.
É curioso perceber como se dá o desenvolvimento da comunidade internauta. Nos dias atuais, todo e qualquer esforço ou atividade que necessite metabolizar energia é passível de ser quantificado financeiramente: desde a troca de uma lâmpada até o recebimento do horóscopo diário com descrições aleatórias e, muitas vezes, repetidas. Entretanto, no mundo digital, perguntas técnicas, feitas em fóruns, trazem respostas esclarecedoras, capazes de solucionar as dúvidas a respeito do computador, do carro ou do humor da sua esposa. Tudo isso inteiramente grátis e com muita boa vontade. Basta alguns cliques pela Wikipédia e poderá ver-se informações a respeito de tudo. Mesmo que a prepotência cientificialoide insista em virar a cara para a nova referência bibliográfica universal, ela cada vez mais ganha espaço e credibilidade. Para observadores cartesianos paira a dúvida: onde está a motivação capitalista que impele essa ajuda, de fato, abnegada? Pois bem, meus amigos, o maravilhoso mundo da Web 2.0 gerou espontaneamente a primeira experiência comunista da sociedade humana. A tecnologia, sempre fiel aos interesses dos poderosos, acabou por minar a ascendência desenfreada do consumismo. Os adolescentes, e adultos, e velhos, e crianças cada vez mais estão aprendendo a viver de bits, bytes e de seqüências numéricas em constantes processos de codificação e decodificação. Facilmente alguém passa horas do seu dia absorto em seus devaneios via algum comunicador de mensagens instantâneas, ou atualizando sua página pessoal, abrindo sua caixa de email e etc. Até o velho costume de alimentar-se está sendo relegado. Mesmo tendo muitos lados essa verdade, é importante reconhecer o mérito dessa modernidade, pois ela tem uma implicação social muito relevante.
O maior risco que a Internet apresenta às finanças das grandes corporações é que ela destrói as teorias tão arraigadas como a da oferta e da procura. Quando surge a procura por um determinado produto virtual, a oferta adapta-se a ela. Sendo assim, oferta e procura são diretamente proporcionais. E, diferentemente do infeliz mundo real em que vivemos, para um ter o outro não precisa perder; todos podem ter; tudo é replicável e limpo. Se dez pessoas querem uma música, dez pessoas a terão e ninguém terá uma música a menos ou ficará muito rico às custas desses dez desejos. Da mesma forma, essas dez pessoas, cada uma com a música que escolheu, podem compartilhar com mais dez e infinitas pessoas, até que todos a tenham. Ninguém perde ou ganha no sentido burguês impregnado no inconsciente de toda a humanidade.
Pirataria? Não! Humanidade. Se ELES produzem um produto e o vendem-me ele deveria ser meu, e eu deveria poder usá-lo como bem entendesse. [Deveria], mas não é. Eles vendem-me um produto com coleira. Os seus copyright © não são nada além da velha hipocrisia da ilusória democracia. Democracia essa que o anarquismo virtual desmascarou, fez pirraça e chutou. É engraçado refletir sobre a [democracia] e seus princípios basilares, pois as democracias entendem que uma das suas principais funções é proteger os direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão. Entretanto, essa liberdade de expressão deve compatibilizar-se com os direitos fundamentais dos cidadãos afetados pelas opiniões e informações, bem como, ainda, com os outros bens constitucionalmente protegidos, tais como: moralidade pública, saúde pública, segurança pública, integridade territorial, etc. Ou seja, você é livre para dizer o que quiser, mas não fale merda, senão entrará
Os poderosos perceberam que prendendo o povo nas ditaduras precisariam investir muito tempo e dinheiro em mecanismos de repressão que, apesar de garantirem divertidas sessões de tortura, eram onerosos financeiramente, logo inviáveis. Incutindo nas pessoas a falácia patética da democracia, todos acreditando que têm poder sobre si e, até mesmo - muito engraçado – sobre a nação, não teriam contra o que se rebelarem e assim o jogo continua sem intervenções.
A Internet mostra de forma indireta aos homens o que é um verdadeiro mundo livre. Nela as pessoas entendem o sentido da liberdade de expressão e de pensamento, sem adaptações ridículas que invalidam suas premissas básicas.
Através dos populares “Nicks”(pseudônimos virtuais) ou Fakes (heterônimos virtuais) ignora-se o artigo 220 da Constituição Federal que prevê a vedação do anonimato na divulgação de informações. Artigo criado justamente com a finalidade de punir ditatorialmente àqueles que forem contra o sistema moralista e hipócrita da sociedade.
A beleza da Internet reside no fato de podermos deixar nosso Id vagar livremente por sites e domínios bizarros, sem com isso mancharmos a identidade ilibada do pai de família que trabalha durante toda a semana para manter saudável e feliz sua esposa e seus filhos. Todos somos assassinos, estupradores, pedófilos, zoófilos e outros filos mais em potencial.
Apesar de absurdo o que muitas vezes circula pela Internet, todos deveriam ter o direito de conhecer, e, sob hipótese alguma, qualquer tipo de conteúdo deveria ser impedido de ser divulgado. Sim, sem dúvida, conteúdos taxados como impróprios deveriam ser impedidos de serem realizados e seus desenvolvedores, dependendo do caso, deveriam ser punidos; mas jamais os que assistem. Não há dúvida que muitas pessoas que estão lendo esse post já assistiram ou procuraram informações sobre assuntos que jamais ousariam revelar ao seu ursinho ou ao seu psicanalista, mas nem por isso representam um risco à sociedade.
É absurdo pensar que ainda vivemos sob o mesmo sistema repressivo de antigas ditaduras. Não há a liberdade de ser sustentada certas posições políticas tidas universalmente como erradas, assim como o Nazismo. Sem dúvida, esse sistema político tem em seu cerne fragmentos que colocam em risco a integridade de certos indivíduos, portanto não deve ser legitimado. Entretanto, não é admissível que o conteúdo ideológico sofra obstruções de difusão. Se se acredita que pessoas ditas nazistas representam um risco à sociedade, medidas [educativas] e não repressivas deveriam ser adotadas para que ideologias como essa não sejam escolhidas; mas o direito de escolha deveria ser assegurado, de outra forma onde está o direito à liberdade de pensamento? De nada adianta tapar o problema. Impedir que um nazista sustente uma suástica não impede que ele a venere ideologicamente. Da mesma forma, prender uma pessoa que assiste conteúdo pedófilo não acabará com o problema, muito pelo contrário, incentivará a prática, pois quanto mais medidas repressivas forem adotadas, mais caro tornar-se-á a obtenção desses conteúdos, e, por consequência, mais lucrativo aos criminosos.
A educação não deve ser confundida com alienação ou censura. Os jovens desde muito pequenos deveriam ser alvejados com tudo o que a história produziu, inclusive com todas as questões filosóficas, éticas e psicológicas. E assim, com um arcabouço humanístico minimamente decente, poderiam discernir, por conta própria, o certo do errado; fazer seus julgamentos subjetivos de valor, sem a interferência externa dos gorilas intelectuais.
A Internet tem uma participação louvável na sociedade. Ela hoje é a válvula de escape para que possamos ser o que somos, sejamos bons, sejamos maus. Ela não transforma homens em demônios, apenas revela-os como sempre foram e sempre serão. Mas o que mais chama a atenção é que todas as atitudes aplicadas ao mundo virtual, nada mais são do que reflexos do mundo real. E, apesar de tantas práticas criminosas, o que mais salta aos olhos são os benefícios desse mundo virtual. É incrível o fato do livre acesso à informação de toda ordem. É incrível a verdadeira liberdade de expressão. Resumindo, é incrível o verdadeiro sabor da verdadeira liberdade, da mais pura e verdadeira individualidade romântica burguesa. E mesmo com toda essa liberdade o que se avulta é a utilidade do homem ao homem, e menos a estupidez recíproca.
Abaixo à repressão virtual; abaixo ao poder coercitivo; abaixo à restrição da privacidade; abaixo às leis e normas de conduta; abaixo ao governo e aos governantes do mundo virtual. Quero ter minha vontade soberana; quero ser livre pra dizer o que penso e como vejo o mundo; quero estar imerso em todos os crimes e criminosos virtuais, pois é na fictícia realidade que os monstros rebelam-se, e eu quero estar em companhia de todas as aberrações que o sistema opressivo e selvagem criou. Viva a liberdade, viva o Anarquismo 2.0!
"Posso não concordar com nenhuma das vossas palavras, mas defenderei até a morte o vosso direito de enunciá-las". (Voltaire)
Uma cidade um estado.
Um estado de espírito
Estado da matéria
Matéria essa
Que é vital para o poeta
Como o alquimista trabalha sua pedra filosofal
O poeta vê na imagens palavras
Tais palavras formam poesias
A despedida é o sentimento mais bonito e o mais cruel; talvez seja o mais bonito por ser o mais cruel, e mesmo assim, encontro após encontro, insistirmos em estreitar os laços que unem o meu eu ao eu do outro.
O mais incompreensível é saber como pode ser tudo tão rápido e, ao mesmo tempo, tão intenso. É como se a cada milímetro que o eu do outro se afasta, quilômetros de pele fossem extirpados do nosso eu. E, como se não bastasse, quando o eu do outro já não está mais à vista, e já não temos mais pele cobrindo o nosso ego, protegendo-nos do externo, protegendo-nos do desconhecido, jogamo-nos na vala mais profunda da existência; pois precisamos nos esconder de tudo e de todos, porque nossa sensibilidade está à flor da pele, da pele, aliás, que já não possuímos mais. Esse momento é sublime e desesperador; sufocante como a câmara de gás; causa dor nas glândulas lacrimais e na garganta; mas, acima de tudo, causa dor na alma.
É terrível a dependência; é terrível a fraqueza. Esses instantes, tão sensoriais, tão impressoriais, são aterrorizantes porque neles é possível perceber que os indivíduos, por mais individualistas que sejam, trazem dentro de si, na sua composição física, psíquica e emocional, elementos dos outros; trazem consigo os outros, e somente os outros. O indivíduo é um castelo de cartas, em que cada uma delas é importante homogeneamente, mesmo que se distribuam e contribuam de maneiras diferentes para a estética, para o externo, para o perceptível e palpável. Mas, se quaisquer delas for removida, seja qual for a sua posição física, o castelo desabará da mesma forma; o castelo tornar-se-á aquilo que é: o nada, o entulho, a massa disforme e sem sentido de existir. Mas o que mais dói é saber que cartas em cima da mesa não são imponentes, não são dignas de serem vislumbradas ou de serem fotografadas, pois são apenas cartas, e mais nada; completamente diferente do majestoso castelo de outrora; da futilidade superficial da mentira; da prepotência; e do egoísmo: cartas em cima da mesa, são cartas em cima da mesa; cartas unidas, contribuindo igualmente para representar a forma de um castelo, são apenas [um] castelo.
Por isso a despedida fere, pois ela mostra a nós - castelos fúteis - que não somos apenas [um] castelo; mas que somos mais, somos muito mais e muito menos do que a nossa prepotência permite enxergar: somos todos aqueles que nos rodeiam; somos desde o mendigo que chutamos até o burguês perante o qual nos ajoelhamos. E a ausência de quaisquer deles poderá nos desestabilizar da mesma forma irremediável e dolorosa, pois, na despedida, descobrimos que nada somos além de nada.
O rei Obama destronou a rainha Elizabeth, tornando-se o mais pop monarca do primeiro mundo. Agora, o “império do mau” foi conquistado, livrado das garras do terrível Bush, e, no que depender do presidente camarada, todos os súditos terão tratamento VIP e o império passará a ser chamado de “império arco-íris”, onde vai imperar somente a paz e o amor.
Dentre os súditos contemplados estão, primeiramente, o bonachão do trópico sul, Lula; passando pelo indígena cocaleiro, Evo Morales; o eterno senhor dos charutos, Fidelito; e chegando, até mesmo, aos terroristas perversos, mas ainda sim humanos, da desumana prisão de Guantánamo – herança dos restos mortais da dark era Bush.
Estas são só uma pequena fração de tudo o que – em tese – está sendo feito pelo presidente mais humano de toda a história dos states. No entanto, há de se ressaltar que o Estados Unidos é o pais de Hollywood e de muitos dos “queridinhos da América”, e que, diferentemente da linearidade e superficialidade dos personagens que o ocidente tanto idolatra, a vida real é uma Tragédia Grega, com personagens esféricos e complexos; o mocinho não é mocinho até o final da trama, e o vilão, muitas vezes, transparece traços de hombridade. Por mais que seja difícil de desassociar, quem está no governo não é Luther King, ou a heroica juventude revolucionária. Quem está no poder são os mesmos velhos senhores da guerra da velha política conservadora e intransigente norte-americana. Ainda que dessa vez a maquiagem e jogo de luzes tenha ajudado, Obama é o mesmo clichê “american way of life”. O presidente pop, nada mais é do que a Elizabeth Sam. De que adianta QUERER fechar Guantánamo se o judiciário diz não PODER; de que adianta QUERER uma aproximação da ilha dos charutos se a política externa diz não PODER; de que adianta QUERER firmar pactos com as nações subjugadas se o imperialismo diz não PODER?
E nesse jogo de palavras entre poder e querer é que o mundo vai assistindo ao velho filme midiático: o povo vê o que eles QUEREM revolucionar, e o PODER mantém tudo em seu devido e apropriado lugar.
Novamente ocorreu um assassinato de cães no Campus do Vale da UFRGS. Dessa vez, o requinte de crueldade foi aprimorado ao máximo: o cão, um dos mais dóceis presentes na universidade, foi levado até a estação de tratamento de esgoto da UFRGS – local que, devido ao risco de acidentes e importância, deveria permanecer fechado ou monitorado 24 horas por dia, e lá foi jogado VIVO, no tanque profundo. O cão lutou pela vida durante muito tempo, talvez mais do que meia hora, levando em consideração as inúmeras e profundas marcas deixadas no concreto maciço do tanque.
Entretanto, pelo cansaço e, provavelmente, hipotermia, causada pela água gelada, o cão faleceu. O corpo só foi encontrado – BOIANDO – na Segunda-feira, 11/05/2009, por um funcionário da estação, o qual enterrou o corpo do cachorro nas proximidades do tanque.
O funcionário não quis se identificar por estar no quadro de pessoal da UFRGS e ter medo de retaliações. Após as denúncias feitas pela mídia sobre o envenenamento de 7 cães, todas as pessoas envolvidas na causa animal sofreram ameaças diretas e indiretas. Uma delas consistiu no vazamento verbal, “acidental”, em forma de “fofoca” sobre uma possível operação arquitetada com o intuito de “remover” todos os cães presentes no local. Tendo em vista que o território é de jurisdição administrativa da UFRGS, autarquia Federal, nenhum órgão tem competência para entrar sem prévia autorização, nem mesmo a Zoonose de Porto Alegre, a qual, mesmo se obtivesse autorização, não poderia operar, pois alegou estar superlotada, sem possibilidades de aumentar o número de animais em suas dependências. Ou seja, o provável procedimento está sendo feito à revelia da lei; uma ordem descendente que seria realizada por alguém sem autorização. A ameaça direta consistiu no comunicado informando a destruição do canil improvisado, construído pelo pessoal que cuida dos animais. O canil é essencial à continuidade do projeto, sem ele todos os cães estarão desamparados. A universidade alega que a área (MATAGAL), é de vital importância.
Esse ato é uma tentativa de assustar os envolvidos com a causa animal, uma ameaça, uma represália às denúncias feitas à mídia. Desde o dia em que a matéria sobre o envenenamento fora divulgada nos veículos de comunicação, muitos incidentes vêm ocorrendo: portas dos canis arrombadas; cachorros jogados em buracos profundos; cachorros levados a cidades distantes; e até cachorros que aparecem com machucados espalhados pelo corpo.
Outro ponto que chama a atenção nesse crime é o fato de no Campus haver, além de seguranças do quadro público, uma empresa privada de segurança, Rudder, que TEORICAMENTE toma conta do patrimônio Federal. Contudo, a fortuna que sai dos cofres públicos para ser empregada em segurança não impede que qualquer um ande livre e despreocupadamente pelas dependências do Campus, inclusive portando armas, drogas e bebidas. Dentro do Campus Vale há inúmeros “pontos de encontro” dos alunos, lugares usados também para o uso de drogas e sexo, como “A Toca” e a “Estufa”. Todavia, são lugares usados pelos alunos em dias “letivos”, mas por vagabundos e estupradores nos fins de semana e feriados.
A realidade de quem estuda no Vale é esta: INSEGURANÇA! Estupros e assaltos são comuns, mas abafados pelo pessoal que não tem controle e muito menos interesse em filtrar quem entra ou sai do Campus.
Seria muito interessante coletar informações da Rudder sobre o procedimento da segurança empregado no Vale. Provavelmente eles dirão: “nós não temos como controlar todo o Campus, porque ele é grande e aberto”. Mas então O QUE ELES FAZEM LÁ? Se qualquer um pode atrair um cão até uma área restrita e fechada, e esperá-lo morrer afogado; dar veneno a vários cães; e cavar buracos de mais de
Se questionado sobre a segurança, qualquer aluno que estude no Vale dará uma resposta unânime: NÃO ESTAMOS SEGUROS!
Qualquer um tem acesso ao Vale nos Sábados e Domingos, e a cena é a de descaso: seguranças sentados, que nem se preocupam com a nossa presença, nem sequer perguntam quem se é ou o que se quer.
Ultimamente estão sendo assassinados cachorros, amanhã – como já houve anteriormente – serão pessoas.
"Nada humano me é estranho", assim foi uma das citações do presidente do Paraguai e ex-bispo, Fernando Lugo. No pronunciamento de sexta-feira (24), o presidente manifestou-se de maneira a calar os opositores que, segundo ele, estariam querendo desestabilizar seu governo, através de uma conspiração baseada na enxurrada de supostas paternidades - 6 até o momento, das quais uma foi reconhecida como legítima pelo presidente.
O que surpreende? Nada mais comum do que um presidente ter filhos, correto? Nada mais comum do que um clérigo ter filhos, correto? Pois bem, aí está o grande problema: com o advento da modernidade, aquilo que sempre aconteceu, hoje é esmiuçado ao máximo, não deixando dúvidas sobre sua veracidade. Entretanto, o que não veio "agregado", "embutido" ou "onboard" é a conceitualização e, principalmente, diferenciação, entre ética e moral.
Apesar de ser uma discussão complexa, que deixa dúvidas e abre premissas para réplicas, tréplicas e afins, de uma maneira sucinta, poderíamos definir ética como sendo o conjunto de princípios e normas de conduta relativas a um grupo ou instituição. Do outro lado, temos o conceito de moral que – do mesmo modo enxuto – poderíamos consagrar como sendo os bons costumes relativos ao indivíduo. Ou seja, no primeiro estariam contidas as “leis” a serem cumpridas; no segundo, os “conselhos”. Dessa forma, na teoria, uma infração ética seria muito maior do que uma moral, visto que a primeira congrega todo o grupo instituidor das “leis”; na segunda, somente o indivíduo “descuidado”.
Então, o que faz desses acontecimentos uma notícia? O fato do presidente ou do bispo ser um genitor em grande escala? Em minha concepção, nem um, nem o outro deveriam ser tema de pauta, já que há muito é sabido – em se tratando do primeiro caso – a negligência, o desmazelo e, até mesmo, a libertinagem com que são tratados os tão retrógrados, frívolos e desnecessários dogmas da igreja católica, inclusive – ou, até, principalmente – por seus mais íntimos participantes. Em se tratando do presidente, menos midiático ainda; pois alguns representantes políticos do oriente chegam a ter dezenas de filhos.
O que há no cerne dessa questão é a velha visão conservadora, impregnada tanto moral quanto eticamente pelas “diretrizes” católicas. Concordo plenamente que, se confirmada as paternidades nas ditas circunstâncias, é uma falta ética o que foi cometido pelo [bispo] Lugo, afinal quem se predispõem a integrar um grupo, uma instituição ou seja lá o que for, por mais inconveniente que esta seja, tem que estar apto a aceitar suas normas de conduta, suas leis, seus dogmas. Entretanto, colocar em jogo a moral do [presidente] Lugo, é um ato um tanto quanto precipitado, visto que, até o momento, não foi comprovado que ele tenha incorrido em qualquer delito legal.
O Estado ainda não é laico. As leis, as normas e – principalmente – a moral ainda são pautados pelo rigor religioso. Acusações éticas e morais viram o mesmo novelo de lã pelo viés eclesiástico, o que impossibilita uma política livre e, de fato, democrática.
Enquanto supostos casos de paternidade forem o suficiente para desestabilizar um governo instituído, jamais teremos uma constituição justa e homogênea, que contemple os homossexuais e racionalize a divisão das riquezas e das terras desse mundo, que tem muitas fortunas escondidas em "santinhos do pau oco".
Somente uma palavra é capaz de definir a Legião Urbana: transcendental! Papo de adolescente? Não! Renato Manfredini Júnior e sua banda são muito mais do que a trilha sonora dos jovens desse país. Renato Russo É uma ideologia a se seguir, um modo de vida e uma maneira de ser... Aqueles que não desfrutaram da experiência... [transcendental] que a Legião Urbana pode transmitir não são pessoas completas.
Os repertórios variados que oscilam entre amor, sanidade, revolta, inconformismo e crítica são a marca registrada da banda de Brasília. Entretanto, para o “grande público”, ou, melhor dizendo, “pequeno público” a temática é sempre a mesma: música pop impregnada de canções românticas de “menininha”.
O que esses acéfalos não sabem é que, por trás das músicas que vagam pelas ondas de rádio do populacho, existe um trabalho de ourives em cada um dos álbuns feitos. Composições que são capazes de expressar todos os dilemas, dificuldades e receios comuns ao bicho homem: ser incompreendido, desconfortável de sua existência e amedrontado pela realidade circundante. Ou seja, cada música, cada palavra, cada vírgula que passou pelo crivo de Renato Russo, leva consigo a responsabilidade de mostrar de uma maneira particular e, ao mesmo tempo universal, que, à sua maneira, cada um vive, viveu, ou viverá como João Roberto, João de Santo Cristo, ou um João Ninguém qualquer. Nós somos indivíduos, mas nossas individualidades não são nossas, são sociais.
Renato Russo É um perfeccionista, um gênio, um psicólogo e um amante. Alguém tão sensível ao externo que CONSEGUE transformar sensações e emoções
Que coração partido não sente “você quis partir, eu quis partir você, tirar você de mim...”? Qual bissexual não vê a simplicidade de sua opção, simples como qualquer outra opção “acho que gosto de São Paulo, gosto São João, gosto de São Francisco e São Sebastião, e eu gosto de meninos e meninas”? Quem não se pergunta “que país é esse”? Quantos de nós não se depara com a escola, vestibular e com a Química “não saco nada de Física, Literatura ou Gramática, só gosto de educação sexual, e eu odeio Química”? Enfim, toda e qualquer música Dele diz algo de mim, de ti, de nós e deles. É impossível ouvir Legião de maneira indiferente, impessoal... Renato Russo FAZ parte de nós, da nossa vida e da nossa morte. Não mais inteiramente de nossa vida, pois, como disse o profeta, “os bons morrem jovens”.
Uma banda, uma religião, uma seita, seja lá o que for, a Legião Urbana É um “audiobook”, um livro sonoro que deveria estar à cabaceira de todos; artigo obrigatório nas escolas e residências desse país. A Bíblia aliena, a escola aliena, a faculdade aliena, mas a Legião dissipa, abre a mente e faz transcender...
Renato, na semana do teu aniversário, uma homenagem dos teus súditos à magna importância da tua existência...
1. Daniel na Cova dos Leões
2. Quase Sem Querer
3. Acrilic On Canvas
4. Eduardo e Monica
5. Central do Brasil
6. Tempo Perdido
7. Metrópole
8. Plantas Debaixo do Aquário
9. Música Urbana 2
10. Andrea Doria
11. Fábrica
12. Índios