segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Puteiro a céu aberto?
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Mato Sem Tronco
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Manipulação do populacho
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
A Religião da Minha Vizinha
"O Território Daqueles Que Sempre Veem O Outro Lado da Coisa..."
O KBÇAPOETA
"A ARTE URBANA DE CUIABÁ, MÚSICA, POESIA E ÁCIDAS OPINIÕES."
"A intenção é fazer livre interpretação de várias músicas feitas em português."
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Por que a maconha é proibida
*
Mas é improvável que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado.
Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Pont. "A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo", afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução).
Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira.
Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo. Seria um empurrão considerável para a nascente indústria de sintéticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruídas, tirando a fibra do cânhamo e o óleo da semente do mercado.
"A maconha foi proibida por interesses econômicos, especialmente para abrir o mercado das fibras naturais para o náilon", afirma o jurista Wálter Maierovitch, especialista em tráfico de entorpecentes e ex-secretário nacional antidrogas.
Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha:
William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais.
Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estátuas gregas.
Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadão Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos.
Parte desse ódio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua.
Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída ? levando com ela a indústria de papel de cânhamo.
Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha.
Seus jornais passaram a publicar seguidas matérias sobre a droga, às vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um número tirado sabe-se lá de onde).
Nessa época, surgiu a história de que o fumo mata neurônios, um mito repetido até hoje. Foi Hearst que, se não inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispânica, para permitir a associação direta entre a droga e os mexicanos).
Anslinger era presença constante nos jornais de Hearst, onde contava suas histórias de terror. A opinião pública ficou apavorada.
Em 1937, Anslinger foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, "algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos". Os deputados votaram pela proibição do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura. Proibiu-se não apenas a droga, mas a planta.
O homem simplesmente cassou o direito da espécie Cannabis sativa de existir.
Pimenta Na Jurisdição Dos Outros É Refresco
O Estados Unidos da América é um país que tem muito a ensinar ao ocidente contemporâneo - em se tratando de direito constitucional, pelo menos-, pois, desde sua independência, em 1783, a constituição permanece inalterada, inclusive – por incrível que pareça - as cláusulas que tratam do direito à liberdade. Ou seja, lá, é mais ou menos como vovó já dizia: “todos são inocentes até que se prove o contrário”.
Mas alguém poderia instigar: como os norte-americanos podem tanto se gabar de sua liberdade, defendida com unhas e dentes em sua carta magna, se mantêm prisioneiros, que nem acusações têm, por mais de 3 anos confinados, sem direito a advogado, ou direito a responder o processo em liberdade, ou, sequer, o tão básico “direito a um telefonema”? Qual a mágica para um país manter-se soberano, conclamando-se o defensor dos direitos civis, e, por outro lado, fazer uso indiscriminado da tortura – física, psicológica e moral - e de tantas outras formas degradantes de exibir sua soberba imperialista? Bem, a resposta é simples - talvez não tão simples assim. O primeiro passo para essa façanha é ser um trapaceiro de mão cheia. O segundo é contar com boas quantias de dinheiro – conseguidas através do passo 1. E o terceiro - e mais importante - é adquirir, através dos passos 1 e 2, um grande poder de barganha com os demais Estados falidos. E pronto, é assim que o Tio Sam mantém sua conduta de defensor da liberdade e, em contrapartida, é o algoz mais pecaminoso dessa rocha flutuante em que moramos.
Após a “independência” de Cuba, em 1898, graças a “ajuda indispensável e abnegada" dos Estates , a ilha do açúcar ficou completamente sitiada pelas tropas americanas, as quais tinham a nobre missão de manter – a qualquer custo – a ilha livre – palavra usada em todas suas variantes por nosso primos ricos. Entretanto, para fazer esse "favor", os norte-americanos precisavam de um território, para que pudessem cumprir sua intenção de manter a liberdade - olha ela de novo aí. O território, cedido por governantes entreguistas – cupixas dos americanos - é Guantánamo. Lá, uma base naval foi implantada, e através da emenda Platt foi garantido aos estadunidenses o direito inconteste de intervir, sempre quando "necessário", em Cuba.
Pois bem - resumindo a ópera - o resultado disso foi que Guantánamo, de base naval, se tornou principalmente uma prisão sem lei, onde para ser preso, basta estar livre e falar árabe, ou usar turbante, ou ter barba de árabe, ou agir como um árabe, ou ser muçulmano, ou ... Bom, motivos de sobra existem para se ser levado a Guantánamo; para sair de lá, entretanto, os motivos já rareiam um pouco. Muitos dos presos que foram para esse paraíso dos psicopatas com bandeira verde para torturar e realizar todas suas fantasias inescrupulosas não voltaram. E os que voltaram, nunca mais serão os mesmos. Como o caso de Haji Nusrat Khan, um afegão paraplégico de 80 anos, que foi levado de maca a Guantánamo, após o Departamento de Defesa americano acusá-lo de lutar no campo de batalha! Haji Nusrat Khan, apesar de ser paraplégico, tinha suas pernas acorrentadas, mesmo dentro da minúscula cela na qual era confinado. Além de Haji Nusrat Khan, muitos outros foram presos por acusações infundadas; e outros, ainda, sem nem ao menos acusações terem, simplesmente por serem “criminosos em potencial”.
O que exatamente se passa em Guantánamo ainda é obscuro à sociedade. Todavia, com as poucas informações vazadas, já se dá para ter uma noção da barbárie vivida por esses prisioneiros submetidos à tortura chinesa, afogamentos, vexames de toda arte e, acima de tudo, à degradação de terem suas convicções e ideais subjugados.
Mas o que os Estados Unidos têm haver com isso? Afinal esses acontecimentos não fazem parte da jurisdição deles, ora bolas...
sábado, 14 de fevereiro de 2009
A Economia Mundial
A economia mundial sofre influência da economia de cada um dos países que fazem parte da economia mundial. Sendo Assim, a economia mundial tem um papel importante na economia de cada um dos países que compõem a economia mundial.
A economia mundial, apesar de estar dividida em vários países que compõem a economia mundial, tem em alguns poucos países – os quais compõem a economia mundial – alicerces fundamentais para manter o perfeito funcionamento da economia mundial. Essa dependência que a economia mundial tem de poucos países faz com que a economia mundial seja sensível a problemas internos desses países – os quais são preponderantes na economia mundial. Dessa forma, a economia mundial, baseada na política “laissez-faire, laissez-passer” torna-se um modelo de economia mundial desequilibrado e não confiável. – principalmente aos grandes conglomerados financeiros que movem a economia mundial.
Essa contradição da economia mundial: capitalistas da economia mundial não confiando no modelo capitalista de economia mundial que criaram acaba por fazer a economia mundial brecar devido às contradições inerentes à economia mundial. No instante em que a economia mundial breca – devido à contradição dos capitalistas da economia mundial que passam a não confiar no modelo capitalista de economia mundial que criaram-, é muito complicado restabelecer-se a perfeita harmonia na economia mundial, pois a “mão invisível” que controla o mercado e, por conseguinte, a economia mundial está receosa pelo fato de muitos acionistas da economia mundial terem perdido verdadeiras fortunas do dia para a noite, por uma intempérie da economia mundial.
A economia mundial tem altos e baixos – prova disso foram as recessões enfrentadas pela economia mundial nos anos pós-guerra, anos esses em que a economia mundial vinha em ascendência contínua, graças a hegemonia incipiente conquistada na economia mundial pelos norte-americanos. O que essas crises da economia mundial trazem como constante é o fato de que sempre quando a economia mundial é calcada, majoritariamente, em poucos países da economia mundial, a economia mundial fica dependente do “bem-estar” desses países – nos quais é calcada a responsabilidade de guiar a economia mundial – o que faz a economia mundial ser, além de instável, uma grande arma para oprimir os demais países que compõem a economia mundial, pois qualquer política concorrencial desenvolvida pelos demais países que corroboram a economia mundial pode resultar o estopim de uma crise, haja vista que a economia mundial moderna está cada vez mais interligada.
Portanto, a economia mundial faz parte de uma economia mundial cada vez mais mundializada. E quanto mais mundializada for a economia mundial, menos o mundo vai ter uma economia mundial melhor para um mundo de economias mundiais espalhadas por todo o mundo.
A economia mundial é um pandemônio só compreendido por quem faz parte da economia mundial. Tentar desfazer esse emaranhado que é a economia mundial só faz eco à velha papagaiada que é a economia mundial.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Ser Pop Ou Não Ser? Eis a Questão...
Detonautas, seguindo a tendência de Los Hermanos, surgiu como uma banda infantil, com um som tosco e manjado, e evoluiu, alcançando uma qualidade tanto musical quanto conteudística bastante interessante no álbum "Rock Marciano" – o segundo da banda -, e manteve o estilo em "Psicodelia, Amor, Sexo & Distorção". Nesses dois Cds, apesar de arranjos simples, o som é bastante agressivo, o que propicia uma profusão de impressões. A propósito das letras, as músicas apresentam certa profundidade e algumas metáforas elaboradas. A temática predominante é a introspectiva, com dosagens psicodélicas e surreais bem colocadas, mostrando todo o amadurecimento da banda.
Entretanto, em seu último álbum: "O Retorno de Saturno". A banda volta a fazer uso do "manual do pop", deixando bastante a desejar; ainda mais pelas expectativas plantadas devido ao ínterim de levada underground. Nesse álbum, a banda abandona as guitarras distorcidas e o tom vociferante, deixando o som a cargo do violão, das letras simples e das músicas curtas sem profundidade, excetuando as três últimas que contam com uma nobre intenção de engajamento social, tendo ainda uma releitura de “AA UU” dos Titãs na última faixa do disco, mas sem abandonar, totalmente, o timbre pop.
Em "O Retorno de Saturno", a evolução do nível das músicas é gradual, da primeira à última faixa; as primeiras são fracas, devido ao velho romantismo exacerbado, preponderando a temática do amor pueril. Da metade do disco em diante, as músicas tomam corpo, e embora nem todas as letras apresentem profundidade, o som da banda mostra-se mais maduro e com uma variedade sonora mais rica.
Sem dúvida, o destaque do álbum fica para a faixa "Ensaio Sobre a Cegueira". Além de ser trabalhada em uma entonação carregada e melancólica, a música conta com a poesia "Os Filhos da Morte Burra" de Edu Planchãsz que completa a obra prima da carreira dos Detonautas.
Percebe-se claramente o dilema vivido pela banda em cada álbum: de um lado, o mundo das luzes e da fama, garantido através de músicas sem lastro e medíocres, feitas ao gosto do mercado; do outro, a realização pessoal e reconhecimento do público atilado; todavia, sem contratos garantidos com as grandes gravadoras.
Mesmo com todos esses percalços, Detonautas é uma banda que vale a pena conferir. Se Tico Santa Cruz abandonasse definitivamente a levada capitalista, teríamos mais uma banda deixando sua marca no rol da boa música nacional.
Ensaio Sobre a Cegueira
02 Nada Vai Mudar
03 O Dia Que Não Terminou
04 Mercador das Almas
05 Só Por Hoje
06 Com Você
07 Silêncio
08 Meu Bem
09 Tênis Roque
10 Tô Aprendendo a Viver Sem Você
11 Send U Back
01 No Escuro O Sangue Escorre
02 Não Reclame Mais
03 Sonhos Verdes
04 Assim Que Tem Que Ser
05 Quem Sou Eu?
06 Dia Comum
07 Prosseguir
08 Você Me Faz Tão Bem
09 Ela Não Sabe (Mas Nós Sabemos)
10 Apague A Luz
11 Insone
12 Tudo Que Eu Falei Dormindo
13 Um Pouco Só Do Seu Veneno
02 Nada é Sempre Igual
03 Verdades do Mundo
04 Só Pelo Bem Querer
05 Lógica
06 Tanto Faz
07 Oração do Horizonte
08 Soldado de Chumbo
09 Ensaio Sobre a Cegueira
10 Enquanto Houver...
11 Eu Vou Vomitar em Você
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Uma Questão de Opinião
Qual é a abrangência do termo "terrorismo"? Talvez, simplificadamente, a expressão signifique impor a vontade por meio da violência e do terror. Sendo assim, o Tio Sam deveria voltar sua política do Big Stick não só para o oriente, mas também para sua sala de estar, a Europa. Mas parece que não é interessante combater nossos amigos das suásticas e vestuários exóticos - para não dizer ridículos. O que há décadas vem perpetuando-se no ocidente, sempre pouco difundido pela mídia - excetuando os casos hollywoodianos-, são os sentimentos xenófobo, racista, homofóbico e todos os outros que inspirem virilidade . E quando digo ocidente, quero dizer todo o ocidente. O Brasil também não está de fora; quem não se lembra dos gays espancados por "skinheads" em Curitiba?
Não se pode dizer que o combate a esses vândalos carecas seja uma questão de segurança nacional, afinal esses bebezarrões rebeldes precisam agrupar-se em três para dar conta de uma mulher grávida e indefesa. Não faço ideia de quantos seriam necessários para executar a mesma façanha com uma nação... O fato é que talvez, apesar de sujar a imagem de um Estado soberano, manter alguns desses gentlemens como anfitriões seja o melhor aviso da direita europeia aos latino-americanos, africanos, europeus orientais e a toda a corja desses quase indigentes que insistem em parasitear as riquezas dos países desenvolvidos. Além do quê, desde quando a morte de um brasileiro é capaz de minar a reputação de um país? Se assim fosse, o Brasil seria o primeiro país a ser assolado pela má fama, haja vista que aqui nossos anfitriões - os traficantes - não brincam de escrever mensagens infantis; eles matam mesmo. E muitos brasileiros morrem nas mãos desses agiotas do governo.
O termo skinhead pode abarcar muitas personalidades; qualquer um com a "cabeça-pelada"- ou seja lá como for que eles preferem ser chamados - pode ser engajado nessa contracultura. Já se foi a moda punk, a hipiie, a grunge, a underground. Agora o barato do momento é a moda skinhead. A vantagem dessa moda, em relação as outras, é que nessa, não se precisa saber ler; não há uma filosofia específica; você não precisa saber nada! Talvez apenas que se é um skinhead; mas se não saber, é só sair no soco que tudo está resolvido. Eis o melhor cartão de visita de um skinhead: a porrada.
Os skinheads mais cultos se autodenominam- com o auxílio da mídia - de neonazistas. Momento cultura: nem todo skinhead é um neonazista; existem muitos skinheads negros, judeus e, até -quem sabe - gays - porque ficar no meio de tantos homens soa suspeito. Os skinheads fazem parte de um movimento igual a qualquer outro - mais idiota, é verdade. Um exemplo familiar de skinhead são os Hooligans, tão falados em Copas passadas. Provavelmente, esses rapazes, os quais seriam algo muito semelhante aos nossos tão típicos pit boys arruaceiros, amantes do Jiu-Jitsu e de músicas ridículas em alturas estridentes , nunca leram Mein Kampf - mas diferente dos nossos pit boys, eles com certeza sabem ler - a educação europeia é invejável- se não leem é porque tem socos mais importantes para dar.
Realmente, o acontecimento trágico que fez a brasileira Paula Oliveira, residente de Zurique, e que estava grávida de três meses de gêmeos, sofrer um aborto forçado foi um fato lastimável e imperdoável. Contudo, as autoridades não podem esperar que todos vejam esse fato com surpresa. Qual a dúvida quanto ao que sucede quando três homens carecas, e em que em pelo menos um deles vê-se nitidamente uma suástica tatuada na cabeça, andam de preto, à noite, em uma estação de trem germânica, local onde podem entrecruzar-se pessoas de várias etnias e nacionalidades? A verdade é que a Europa enfrenta problemas graves de identidade, que não são de agora, talvez dado ao fato de sua formação conturbada.
É complicado para um europeu admitir que entre seus conterrâneos existam aqueles que conclamam o nazismo e extravagâncias afins, marcas culturais que crucificam os nossos ex-bárbaros. Mas isso faz parte da cultura; não se deve renegar, mas sim trabalhar para alterar, não simplesmente abafar, como há muito é feito, talvez, principalmente, por pressão da opinião pública mundial que condena indistintamente os acontecimentos passados. Manter o nazismo e outras orientações políticas marginalizadas, faz com que elas sirvam de alimento contra o tédio de play-boys bombados sem nada para fazer, mas que mesmo assim apresentam mais lastro intelectual do que os nossos play-boys bombados. Enquanto lá, forjadamente - ou não, vai saber- os valentões lutam contra a dominação estrangeira dos postos de trabalho e a insegurança representada por imigrantes famintos, os nossos brigam por loiras peitudas e por atenção do público
O brasileiro é muito sentimental quando o assunto é pop. Uma bala perdida no Rio é notícia de populacho sensacionalista; em Londres, é manchete renomada de impacto. Não diminuo a dor de nem um, nem de outro; apenas saliento que a morte é morte em qualquer lugar. O que acontece lá, acontece aqui. E se a atenção dada ao que acontece lá fosse dada ao que acontece aqui, possivelmente, lá, não aconteceria nada. Ou os norte-americanos são alvos de skinheads ou da Scotland Yard?
O brasileiro precisa conquistar o respeito internacional. O que lá eles têm em demasia, e os faz agir como donos incontestes da razão, aqui carecemos. Lá, eles repudiam - em excesso, é verdade- aqueles que tentam apoderar-se de suas míseras porções de terra e oportunidades de emprego; aqui, abanamos o rabo como fiéis escudeiros do imperialismo, e damos de presente de boas vindas a Amazônia e nossas imensidões naturais. Os rapazotes de lá, apesar de não saberem nada da bandeira que ostentam, muito menos o porquê de ostentá-la, têm muito a ensinar aos rapazotes daqui.
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Ed. e Seu Castelo...
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Toaletes e Guilhotinas
Quando algo não tem nome, se apresenta apenas como uma sensação de mal-estar indefinível. Naomi Wolf, em seu livro 'O mito da beleza', mencionava que certas coisas na sociedade passam despercebidas pois não há quem as denuncie. E a denúncia é sempre uma espécie de grito em meio ao silêncio de uma humanidade acostumada.Um escritor brasileiro, pouco conhecido, tem feito este papel de maneira brilhante, com um bom toque de humor ácido, que o cotidiano merece.
Ezio Flavio Bazzo é um escritor diferente, pois seus livros são encontrados na Internet, feitos de maneira quase artesanal e publicados de forma independente. Não há como traçar um estilo para suas obras, e deve ser esta a razão de não se tocar em seu nome nos centros literários. Cada livro é único, composto de mil estórias e confissões de viagens, mostrando de forma brilhante o ser humano da maneira como ele é. Uma biblioteca dentro de cada livro. Um acervo de milhares de notas de rodapé geniais.
Apesar de parecer triste à primeira leitura, ao se conhecer a obra do escritor, tem-se a idéia de uma forma bela de descrever a vida, reconhecendo a miséria humana e aceitando-a como parte do aprendizado, para quem tem a percepção da realidade.
Os livros são como uma espécie de literatura livre, onde não há compromisso com regras gramaticais, formalidades ou mesmo com o leitor. Há apenas a vontade de escrever. Portanto, aquele que leu apenas um livro de Ezio Flavio Bazzo não sabe o que são seus livros. E muita gente não continua a ler, pois vê a si próprio neles.
Desde 'Ecce Bestia', que trata do assunto muito bem camuflado pela sociedade que é a exploração de animais para o sexo, mais comum do que se imagina, ou se quer imaginar. Ou 'A lógica dos devassos', que provoca a discussão sobre a pedofilia, um problema cercado de preconceitos entre os próprios pesquisadores do assunto. Ou 'Manifesto aberto à estupidez humana', espelho fiel da humanidade e do homem, um dos melhores livros que já li na minha vida.
A relação que temos com os escritores sempre é envolta em mistério, pois não conhecemos o autor das palavras que lemos. Muitos escritores estão mortos ou simplesmente moram do outro lado do planeta e nem sempre apreciam dialogar com os leitores. O máximo que acontece é o lamentável show de autógrafos. Mas este escritor é vivo. Tem um endereço de e-mail, responde aos leitores. Envia textos inéditos, manda presentes (livros!), está mais próximo do leitor e nos mostra, através deste comportamento, uma forma de ser muito bonita e diferente do aparente pessimismo que muitos vêem em seus livros.
Pois o livro 'Toaletes e Guilhotinas' fala de dois assuntos aparentemente divergentes, mas que têm muito em comum: a merda e a guilhotina. Além de um humor muito interessante, sobre a forma como lidamos com os excrementos, há a denúncia de que a humanidade possui em algum lugar de seus genes ou de sua psique um espírito sanguinário, que se empenha em construir mecanismos cada vez mais sofisticados para provocar o sofrimento alheio.
Sobre os animais, Bazzo escreve: "é desse fígado adulterado e canceroso que o patê (Foie Gras - em português: fígado gordo) da burguesia é feito. Oxalá lhe provoque pelo menos uma cirrose incurável ou uma Hepatite para vingar o martírio dos gansos. Quem visita uma dessas granjas fica impressionado com o desespero dos animais, que passam praticamente a vida toda sem sentir o gosto da comida. _ E os ecologistas? Perguntei-lhe. _ Não fazem nada. Pois o Foie Gras é para a França quase uma questão de Estado! O mesmo que o petróleo para os árabes e que o ópio para os birmaneses. A mim, esta pasta nojenta só revolta as tripas!".
Sobre as execuções na guilhotina e a comparação com a morte de porcos, ele diz: "quem nasceu e cresceu no campo nem precisa ter boa memória para lembrar das execuções matinais, semanais e rigorosamente macabras. Os gritos de desespero do animal, um panelão com água fervente, o verdugo afiando a faca e três ou quatro vizinhos tomando chimarrão, fumando charuto ou simplesmente assistindo a execução. Fazendo um retrospecto desses tempos e desses porcocídios me dou conta de que o matador nunca é uma pessoa comum e que existem sujeitos que 'sabem mais' do que os outros no métier da morte. Lembro-me perfeitamente bem das mãos grotescas do homem que enfiava a lâmina na direção do coração dos porcos, e que eu estava sempre do lado dos suínos, torcendo para que eles, num último ataque de desespero, conseguissem devorar a mão ou pelo menos o joelho dos matadores.
Depois, assistia a carnificina e a retirada do coração mutilado, que o carniceiro exibia orgulhoso à 'platéia', exatamente como os verdugos faziam aqui, com a cabeça dos guilhotinados. Portanto, e por mais lírico que possa parecer, estou profundamente convicto de que uma civilização e uma sociedade que é contra a pena de morte para os homens, mas que segue matando todas as outras espécies para se alimentar, para vender seus chifres, seus dentes, sua pele, sua banha, seus hormônios etc, é uma civilização e uma sociedade, narcisista, chauvinista e hipócrita que, cedo ou tarde (mais cedo do que tarde), destroçará e comerá a si própria".
E sobre a curiosa imagem de um livro de Jerry Rubin, que traz entre outras fotos a de uma mulher nua carregando uma cabeça de porco numa baixela: "vou me dando conta de como é impressionante o estágio de indiferença em que nos encontramos. Como é possível viver no meio de uma chacina e de um genocídio animal desses sem desesperar-se? Frangos, porcos, vacas, peixes, patos, rãs, camarões, coelhos, faisões, ovelhas, nenhuma espécie escapa à fome sanguinária dos homens, desses barrigudos inúteis que saem dos restaurantes de Montmartre palitando os dentes e arrotando".
O comentário sobre uma gravura onde aparece um homem matando outro homem com um machado, e um homem com um cavalo observando a cena: "gosto dessa imagem, porque nela o ponto crucial de crueldade não está na lâmina do machado, nem nos lábios do homem que pratica a violência, mas curiosamente no olho do cavalo, dirigido de maneira ambivalente e fulminante para o sujeito que está prestes a ser assassinado. Esse eqüino estaria indignado ou apenas gozando com o massacre* e com a ruína de seu dono? O que impressiona realmente, é a rapidez com que se passou do machado à guilhotina e desta à cadeira elétrica, fato que evidencia o quanto o espírito assassino está incrustado nos séculos, nos punhos e no palavreado da espécie mais predadora que o planeta já teve notícias.
* Etimologicamente a palavra massacre vem do latim, macecre, um termo que está sempre ligado aos açougues e às carnifininas".
Por Ellen Augusta Valer de Freitas
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Sobre a autora
Ellen Augusta Valer de Freitas é licenciada em Biologia, com formação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, São Leopoldo, RS. Foi bolsista de Iniciação Científica pelo CNPq no Instituto Anchietano de Pesquisas da Unisinos. Tem experiência na área de Ecologia com ênfase em Zooarqueologia, atuando principalmente em captação de recursos aquáticos, gerenciamento de recursos hídricos, estudo da alimentação de povos indígenas, educação e pesquisa em arqueofauna em sítios arqueológicos do Projeto Corumbá, no Pantanal. Trabalha com educação de jovens e adultos, realiza pesquisa de mercado e consumo para uma ONG nacional, publica artigos regularmente, elabora projetos, palestras sobre nutrição, ética e animais, e aulas de botânica e paisagismo. Tem 30 anos, é vegana e ativista pelos direitos animais, com participação em diversos grupos no RS