sexta-feira, 19 de março de 2010

A pós-criança

Vejo o rosto da criança

Que brinca de ser adulta

Dança na sua jovialidade

Gira, gira pela sala

Gira, gira pelo mundo

O mundo girou

Ela cresceu

Ainda percebo traços atuais

na sua figura adolescente

Ela cresceu agora já não gira pela sala

Agora ela vive a procurar as novas festas

Em todos os lugares

O mundo movimenta-se

Ela se movimenta

Ao som das ondas mecânicas

Ao despertar de novas freqüências

Despida dos pudores juvenis

Agora ela está sozinha

Perdida na conseqüência imagética

Da nuvem de incertezas que paira na sua

Temática alegoria de pensamentos pueris

o desconhecido


Ela procurou outro destino

Talvez perdeu o tino, fosse um desatino?

Ela está no velho mundo, com novas pessoas

A velha forma de viver agora é recente, lá se exporta modelitos sociais

A antígona que sobrevive aos prédios de solidão

Isolação que assola o semblante mergulhado na imensidão

De repente o quarto pequeno se fez imenso...a cama vazia, pratos e talheres a menos

Menos roupas...muitas roupas

Menos gente... mas há culpas?

O que pode ficar é o cheiro

Um perfume esquecido

150 ml do seu cheiro, uma essência de teu corpo

Agora ela habita outro país, outra cultura outra raiz

Agora ela fica do outro lado, com pessoas que se tornaram próximas

As mesmas pessoas que deixaram outras criaturas com cicatrizes

Imagens que vem

Pensamentos que vão

Ideais porém

De um destino vilão

Um desvario no clarão

Um desânimo na escuridão

Fora ou perto

Longe ou em casa

Cada fato é obsoleto

Cada sentido é um trejeito

De modo a chafurdar alguma coisa no meu peito...

De modo a chafurdar alguma coisa no meu peito...

O desconhecido

Ela foi atrás do desconhecido

Ela encontrou o desconhecido

Ela encontrou um desconhecido