terça-feira, 9 de junho de 2009

Assassino Por Um Acaso

Eu matei, mesmo sem querer matar. O pior de tudo, é que ser assassino é luxo de poucos nessa vida cheia de regras e de planos de liberdade. E o que mais me entristece não é ter matado, mas sim ter matado a pessoa errada. Matei a sangue frio um ser inocente, alguém que não deveria morrer, e que, muito menos, sabia que iria morrer... Ela não sabia... Eu a enganei. Ela confiou em mim, e eu me aproveitei da sua confiança cega. Seus olhos... Nunca vou me esquecer dos seus olhos. O olhar mais puro e doce que eu já vi na minha vida. Como eu pude...
Com tanta gente certa para morrer, fui escolher justamente a errada. Ela morreu sem saber porque morreu; e eu, sem saber porque matei...
Dois seres irracionais que se encontraram. Eu, sem dúvida, era o mais irracional dos dois. Porque, enquanto eu a matava, pude refletir, e tive a oportunidade de desistir. Mas não pude... Não pude... Não pude... Como pode alguém ter poder para decider pela vida ou pela morte? Como pode essa coverdia? Como eu pude ter esse poder em minhas mãos? Quem sou eu? Eu não passo de um nada vagando em uma pedra no espaço. Eu tive o poder, e não o soube usar...
Entre o corpo que ficou imóvel, e o meu coração que, porcamente, continuou a bater, tenho certeza que o coração foi o que mais se feriu. Aquele olhar nunca vai sair da minha alma... O olhar me julgou, me condenou e me sentenciou... Eu fracassei. Venci porque matei, mas perdi porque matei a pessoa errada. O arrependimento corrói. E os olhos... Aqueles olhos eu sei que sempre vão estar a me olhar... Para sempre, onde quer que eu esteja. Eu libertei uma alma e vendi a outra... Céus, eu matei a pessoa errada.