segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Tic-Tac

Um desalento sedento de prazer

Um corpo cambaleante diante da defenestração

Quanta emoção

Viver a vida por um fio de autocomiseração

Observar os carros passar

Mas cansar de esperar aquele passar

Madrugada quase fria, calçada vazia

Relógios por toda parte insistem em desviar a arte do não ser

Quanto tempo para abastecer a vacuidade do anoitecer

Ler, ver, em alguns momentos até crer no não pensar

Mas sempre voltar àquele lugar onde não se pode estar

Desviar o rumo, mudar a rota colocar a vida à prova

Sentar na janela e ficar à espera do brilho de uma estrela que não brilha mais

Ser capaz de vasculhar mentes e cultivar sementes de sentimentos virtuais

Escrever uma dúvida, anotar uma esperança, provocar uma lembrança

Conversar sem falar, codificar para dificultar

A insanidade infantil daqueles que não conseguem envelhecer

esquecer

E só restar provocar um par de sorrisos para se entreter