domingo, 17 de março de 2013

Só Para Loucos


Escrever é transpor para realidade o irreal. Mais do que isso, escrever é concretizar a irrealidade de descrever o real. Aquele que escreve busca o impossível. Não sem razão. Ele quer concretizar, reduzir, simplificar aquilo que lhe afronta por ser abstrato, infinito, complexo e, mesmo assim, localizado; localizado em algum lugar no seu interior.
Na verdade, escrever é um ato escatológico de ESPREMER um parasita purulento que pernicioso espraia-se contaminando a alma e a mente. Escrever com alma é escrever para salvá-la. Não por acaso, a fala gagueja ao distinguir gênios e loucos. A genialidade é o desespero da alma em curar-se da loucura. A loucura é um verme. No entremeio disso tudo, está cada um de nós. Mais ou menos sãos, mais ou menos idiotas. Enquanto incubados em uma realidade plana e unidimensional, podemos atestar a nós mesmos nossa sanidade. Entretanto, ao sermos expostos à menor brisa que seja, corremos o risco de vermos a claridade das infinitas perspectivas ofuscarem nossa visão, desmaterializarem nossa realidade, dissolverem nossa razão. Em uma realidade em que o real não existe, o que resta sempre é uma representação do que nunca foi apresentado.
... e dizia o letreiro luminoso da entrada: só para loucos...