quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Uma Questão de Opinião



Qual é a abrangência do termo "terrorismo"? Talvez, simplificadamente, a expressão signifique impor a vontade por meio da violência e do terror. Sendo assim, o Tio Sam deveria voltar sua política do Big Stick não só para o oriente, mas também para sua sala de estar, a Europa. Mas parece que não é interessante combater nossos amigos das suásticas e vestuários exóticos - para não dizer ridículos. O que há décadas vem perpetuando-se no ocidente, sempre pouco difundido pela mídia - excetuando os casos hollywoodianos-, são os sentimentos xenófobo, racista, homofóbico e todos os outros que inspirem virilidade . E quando digo ocidente, quero dizer todo o ocidente. O Brasil também não está de fora; quem não se lembra dos gays espancados por "skinheads" em Curitiba?

Não se pode dizer que o combate a esses vândalos carecas seja uma questão de segurança nacional, afinal esses bebezarrões rebeldes precisam agrupar-se em três para dar conta de uma mulher grávida e indefesa. Não faço ideia de quantos seriam necessários para executar a mesma façanha com uma nação... O fato é que talvez, apesar de sujar a imagem de um Estado soberano, manter alguns desses gentlemens como anfitriões seja o melhor aviso da direita europeia aos latino-americanos, africanos, europeus orientais e a toda a corja desses quase indigentes que insistem em parasitear as riquezas dos países desenvolvidos. Além do quê, desde quando a morte de um brasileiro é capaz de minar a reputação de um país? Se assim fosse, o Brasil seria o primeiro país a ser assolado pela má fama, haja vista que aqui nossos anfitriões - os traficantes - não brincam de escrever mensagens infantis; eles matam mesmo. E muitos brasileiros morrem nas mãos desses agiotas do governo.

O termo skinhead pode abarcar muitas personalidades; qualquer um com a "cabeça-pelada"- ou seja lá como for que eles preferem ser chamados - pode ser engajado nessa contracultura. Já se foi a moda punk, a hipiie, a grunge, a underground. Agora o barato do momento é a moda skinhead. A vantagem dessa moda, em relação as outras, é que nessa, não se precisa saber ler; não há uma filosofia específica; você não precisa saber nada! Talvez apenas que se é um skinhead; mas se não saber, é só sair no soco que tudo está resolvido. Eis o melhor cartão de visita de um skinhead: a porrada.

Os skinheads mais cultos se autodenominam- com o auxílio da mídia - de neonazistas. Momento cultura: nem todo skinhead é um neonazista; existem muitos skinheads negros, judeus e, até -quem sabe - gays - porque ficar no meio de tantos homens soa suspeito. Os skinheads fazem parte de um movimento igual a qualquer outro - mais idiota, é verdade. Um exemplo familiar de skinhead são os Hooligans, tão falados em Copas passadas. Provavelmente, esses rapazes, os quais seriam algo muito semelhante aos nossos tão típicos pit boys arruaceiros, amantes do Jiu-Jitsu e de músicas ridículas em alturas estridentes , nunca leram Mein Kampf - mas diferente dos nossos pit boys, eles com certeza sabem ler - a educação europeia é invejável- se não leem é porque tem socos mais importantes para dar.

Realmente, o acontecimento trágico que fez a brasileira Paula Oliveira, residente de Zurique, e que estava grávida de três meses de gêmeos, sofrer um aborto forçado foi um fato lastimável e imperdoável. Contudo, as autoridades não podem esperar que todos vejam esse fato com surpresa. Qual a dúvida quanto ao que sucede quando três homens carecas, e em que em pelo menos um deles vê-se nitidamente uma suástica tatuada na cabeça, andam de preto, à noite, em uma estação de trem germânica, local onde podem entrecruzar-se pessoas de várias etnias e nacionalidades? A verdade é que a Europa enfrenta problemas graves de identidade, que não são de agora, talvez dado ao fato de sua formação conturbada.

É complicado para um europeu admitir que entre seus conterrâneos existam aqueles que conclamam o nazismo e extravagâncias afins, marcas culturais que crucificam os nossos ex-bárbaros. Mas isso faz parte da cultura; não se deve renegar, mas sim trabalhar para alterar, não simplesmente abafar, como há muito é feito, talvez, principalmente, por pressão da opinião pública mundial que condena indistintamente os acontecimentos passados. Manter o nazismo e outras orientações políticas marginalizadas, faz com que elas sirvam de alimento contra o tédio de play-boys bombados sem nada para fazer, mas que mesmo assim apresentam mais lastro intelectual do que os nossos play-boys bombados. Enquanto lá, forjadamente - ou não, vai saber- os valentões lutam contra a dominação estrangeira dos postos de trabalho e a insegurança representada por imigrantes famintos, os nossos brigam por loiras peitudas e por atenção do público em geral. Lá, o problema é - teoricamente- político; aqui, é crítico: o problema é intelectual! Lá uma reforma política, provavelmente, resolveria. E aqui, o que há a se fazer?

O brasileiro é muito sentimental quando o assunto é pop. Uma bala perdida no Rio é notícia de populacho sensacionalista; em Londres, é manchete renomada de impacto. Não diminuo a dor de nem um, nem de outro; apenas saliento que a morte é morte em qualquer lugar. O que acontece lá, acontece aqui. E se a atenção dada ao que acontece lá fosse dada ao que acontece aqui, possivelmente, lá, não aconteceria nada. Ou os norte-americanos são alvos de skinheads ou da Scotland Yard?

O brasileiro precisa conquistar o respeito internacional. O que lá eles têm em demasia, e os faz agir como donos incontestes da razão, aqui carecemos. Lá, eles repudiam - em excesso, é verdade- aqueles que tentam apoderar-se de suas míseras porções de terra e oportunidades de emprego; aqui, abanamos o rabo como fiéis escudeiros do imperialismo, e damos de presente de boas vindas a Amazônia e nossas imensidões naturais. Os rapazotes de lá, apesar de não saberem nada da bandeira que ostentam, muito menos o porquê de ostentá-la, têm muito a ensinar aos rapazotes daqui.