Tem horas que as horas que passam, passam sem sentido, sem sentimentos, sem serem sentidas, sem nada. O pranto abafado nas profundezas do peito sorri de alegria por saber não ser sabido, não ser querido, mas ainda sim, ser soberano. O corpo convulsiona no anseio de emoções baratas que possam trazer de volta o desconhecimento de quem se é, procurando não encontrar nada que diga tudo sobre nós. Dispersões e derivações quaisquer que mostrem o mundo profuso [dos outros] contrastante com a nulidade do nosso. Seguimos em frente, rumo ao externo, rumo [aos outros], ansiosamente desesperados, tudo em busca de um desejo natimorto de esperança, perseverança ou de voltar a ser criança, um óvulo fecundo no útero de uma vida a mais qualquer. Um aborto da natureza, uma leveza na tristeza, uma proeza sem destreza. Ser tudo, por ser nada.
A tristeza não é triste, triste é estar feliz na desgraça anunciada de uma isolação na multidão. A falta de um abraço preenche o espaço que cinde a razão da emoção, a verdade da mentira, a pureza da imundície. Roupas alheias pelo chão e uma fragrância prendendo em teia no horizonte texturizado e colorífero uma visão atemporal, beirando o irracional por insistir em querer ser tão ambivalente, tão normal e tão habitual.
Ciclos intermináveis, não querendo mais girar no mesmo lugar, sempre no mesmo e para o mesmo lugar, sem parar, sem parar, continuando a girar, a girar, a girar e voltar, de novo, àquele mesmo lugar, de novo, sem parar, sempre a girar no mesmo lugar – chega, por favor, quero descansar... Auscultar o silencio, silenciar o coração, encontrar a completude na mais simples atitude de ser não ser. Estar à parte das emoções, distante das tentações e cada vez mais perto de onde se esconde a imensidão de um oceano sem pretensões.
CESURA PARA CENSURA
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Pode ser meu eu,
Na luz do que sou,
desvelando ser,
revelando ter
Imaginação?
Posso ter meu eu,
Na sombra que fui,
Confessado ser,
Privado de ter
Imagi...
Há 4 anos