quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A Vida É Rock!


Podemos traçar uma linha cronológica que se inicia na Idade Média com a Música Clássica, passa pelo Jazz, pelo Blues, chega no Rock ´n Roll e, finalmente, termina no Rock. Entretanto, até o Blues, as nomenclaturas eram bastante contemplativas em relação ao produto sonoro produzido. Ou seja, não se precisava ser um expert para facilmente discernir e denominar uma obra Clássica, um Jazz ou um Blues. Mas como dizer o que é Rock, Rock ´n Roll, ou um estilo ulterior qualquer? É exatamente essa a atração sublime do estilo musical que se tornou modo de vida das gerações adolescentes que vieram e ainda estão por vir.

A Música Clássica - além de sua beleza universal e inconteste – classifica-se pelo seu rigor formal e sua técnica impecável, tornando-se um estilo restrito àqueles que podiam pagar pelo estudo diferenciado. Mais adiante, a ambição humana pelo ritmo embalado, em detrimento das notas firmes da Música Clássica, e por instrumentos e técnicas mais acessíveis a um público menos elitizado fez surgir o Jazz, que, grosso modo, pode ser entendido como uma Música Clássica marginal, combativa e destrutiva. Um estilo que, em meio a fusas e semi-fusas, abriu espaço à improvisação, a partituras nem tão perfeitas – e por isso tão perfeitas -, aos instrumentos simples, à voz humana – não como complemento, mas como parte integrante -, aos erros, às angústias, aos anseios; enfim, o Jazz abriu espaço às características humanas, antagônicas ao desejo transcendental divino da Música Clássica.

Mas, mesmo tendo todas essas características reacionárias em seu cerne, era inegável a origem metódica do Jazz, proveniente de uma simbiose com Música Clássica. Então, em busca do som “natural”, mais uma cisão, dessa vez os elementos afro foram incorporados com mais força, tornando o ritmo e a melodia os elementos principais do novo estilo, indescritivelmente humano. Assim surgiu o Blues.

Com o Blues, a música deixou de ser algo feito de fora para dentro, a partir dele, a técnica não demonstrava a emoção, mas o inverso: a emoção e a sensação é que guiavam a técnica. Os sentimentos, a seu bel-prazer, é que coordenavam a ordem dos acordes, dos tons e dos timbres, através de improvisações e ritmos com muito feeling. Nesse meio de liberdade e originalidade é que a uma nova transformação deu-se o nome de Rock ´n Roll. Daí para diante, a música deixou de ser apenas música, e passou a ser um estilo de vida, uma válvula de escape às mazelas da monotonia moderna. E para alcançar este objetivo: a libertação, tudo se torna válido. A importância deixa de ser o como fazer, mas sim o que fazer. E essas características transcendem o puro fazer musical, e são incorporadas ao modo de pensar e agir daqueles que passam a apreciar o novo estilo que tem o poder de explodir todas as concepções conservadoras e limites impostos.

O Rock dá vida nova à vida, mostrando o outro lado da moeda. Apoiados no novo estilo, todos são capazes de tudo, e a lei de ordem é não ter ordem; as proibições são proibidas e a destruição confunde-se com a mais bela estética da criação.