segunda-feira, 10 de maio de 2010

Reflexoema a Posteriori

Faço as coisas que faço
sem saber por que faço,
porque sei que um dia saberei
por que as fiz

domingo, 9 de maio de 2010

O Amor É Subversivo



Após a morte de deus, o fim anunciado da família, o início da ciência e a legitimação do consumismo, todas as formas de imaginação e meios de sonhar foram suprimidos, deteriorados para que a nova ordem estabelecida pudesse vigorar. Viver tornou-se um ato pragmático, um praxe preestabelecido, um clichê nada emblemático. Nesse mundo seriado, em que o conhecimento, os produtos, os sentimentos e as almas são produzidos em série, contra o tempo e em busca de conseguir mais disponibilizando menos, o amor tornou-se também passível de ser consumido. Mas tudo que é consumido se consome durante o tempo, decai, perde o sentido de uso, o encanto, a utilidade, torna-se obsoleto. O que é industrializado só é interessante enquanto atualizado. A novidade quando deixa de ser nova, passa a ocupar, estorvar e é guardada até o momento em que se adquiri a certeza de que ela não será mais necessária, não se tornará indispensável em determinado momento indeterminado, não será procurada em um momento qualquer. Na capitalização dos afetos, nenhuma relação se mantém estável, nenhuma certeza é inabalável, nenhuma situação é imutável. Essa incerteza constante que torna cada instante uma apreensão angustiante implanta o medo e a insegurança. Uma ansiedade tão insuportável que a opção mais aprazível é viver uma vida à parte, longe das reviravoltas e revoltas das relações interpessoais. Decididamente racionais, podemos, enfim, engajarmo-nos no jogo, planejar um futuro, tornarmo-nos maduros, contribuir para a sociedade, movermos a economia, empurrarmos para longe a esperança de uma utopia, caminharmos desprovidos de ideologia.
Amar é subversão. Quem ama se abraça na maior contravenção social. Liberta-se das amarras desse mundo ciborguizado, desses estereótipos doutrinados, da grande massa de alienados. A existência ou não do amor comprovar-se-á ao fim da eternidade, mas até lá, amar significará não cair na generalização. Garantirá o direito a sonhar e a viver de uma arte subversiva, fundadora de uma nova linguagem, de um modo de viver menos egocêntrico, menos centrado no centro do ego covarde que não se expõem, que não se permite, que não compartilha, que não reverencia. Amar é imaginar a cada instante uma nova forma de futuro, um futuro sempre idealizado, utópico e transcendente. Amar é sonhar, quebrar as regras. Enquanto nesse mundo houver amantes, sempre poderemos acreditar em um novo mundo novo. Não importa o que digam, amar é uma arte, amar é liberdade. Amar é uma reestruturação contextual, uma destruição dos paradigmas arcaicos desse mundo racionalmente irracional.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

ALI


LI


ALIZA, ALIZA...


ALI, ALIZA COME


ALIZA COME


ALIZA COME


ALIZA COME


CI ALIZA,


COME


CI COMER ALIZA ALI


ALI ALIZA


CI


COMERCIALIZA

domingo, 2 de maio de 2010

Quantos Eus Sou Eu?

Sou a identidade do desconhecido.
A aberração do inacreditável. A difusão da essência. Sou malévolo, sou benevolente. Sou arrogante, sarcástico, irônico, vingativo. Sou um humano perfeitamente imperfeito, indiscritivelmente complexo, simplesmente incompreensível. Não tenho credo, etnia ou partido político. Sou absolutamente contra o absolutismo, afinal, nada é eterno, nem o nada ser eterno é eterno. Minha mente traça os caminhos mais sórdidos que a humanidade nunca ousou desbravar. Sou obsceno, não gosto de cenas pacatas, pessoas comuns, ambientes triviais, pensamentos óbivos, conceitos eloquentes, vidas civilizadas, pensamentos arcaicos, ordem pública, sexo seguro, cara limpa. Quero revolução; beber o sangue que jorra das entranhas dos meus inimigos, em um almoço, à beira do lixo que brota pútrido das residências mais abonadas dessa sociedade que condena o racismo, homossexualismo, corrupção, violência e todas as outras formas de instinto predatório selvagem XXI. Sou racista, homofóbico, xenófobo, ateu, anti-comunista, anti-nazista, anti-judeu, anti-anarquista, anti-punk, principalmente anti-hipócrita e provávelmente anti-você. Liberdade ao culto, liberdade às drogas, liberdade sexual e urgentemente liberdade intelectual. Estou cansado de discursos moralizantes, morais imorais, mães jurássicas. Quero prender-ma à liberdade, flutuar ao infinito. Viver, matar, ser o que não sou. Não tenho classe, gênero ou número. Sou, sempre fui, nunca serei ela ou ele. Sou único, sou infinito, exclusivo; não tenho definição, tribo, grupo, meio, vínculo. Sou eu e isso basta. Basta, mas não é o bastante. Sou sábio, sempre soube que o dom do saber é não saber. Respeito os animais, amo-os com o amor de uma mãe superprotetora. Acredito no amor e no fim desse mundo. Quero ver de camarote a dor nos olhos daqueles que hoje menosprezam a verdade e oprimem o intelecto. Inescrupolosos formadores de aliendados, componentes vitais a essa engrenagem que é a máquina desse mundo nem um pouco transcendental. Repudio os políticos e os desertores, ambos covardes munidos com discursos trabalhados em palanques da mentira. A covardia é a coragem, a morte uma solução, o suicídio uma opção. Mundo canibalista, terra de selvagens alfabetizados e burgueses doutrinados. Estereótipos ambulantes: adolescentes com maconha nos neurônios, álcool no fígado, volante nas mãos, celulares nos bolsos e ingnorância no cérebro. Um exército de diferentes, todos iguais. Um cliché americano ou um apelo comunista. Sigo meu caminho pela tangente desse círculo viciado, trilhas desmatadas, segredos revelados, surpresas conhecidas, emoções tediosas, drogas experimentadas, viagens com hora marcada, propagandas enganosas, libertinagens ingênuas, revolucionários sem ideologia, riscos seguros. Sou o paradoxo. Vivo paralelo ao simples. Sou imiscível ao comum. Nenhuma doutrina me corrompe, nenhum caminho me seduz. Nenhum temor me espanta, nenhum obstáculo me retarda. Nenhuma massa me vence, nenhum vencedor me derrota. Esse sou eu, esse é meu mundo. Com o céu límpido anil, em um fim de tarde de primavera, desfruto, da sacada do meu apartamento, a libido dessas cenas que ocorrem no circo da vida que é este mundo cão. Sou eu, sou assim. Livre para pensar. Carpe Diem!