E se eu pudesse dizer diretamente a ti que o segredo da vida é viver?
Será que bastariam as palavras ditas para te fazer entender?
Tem coisas que a fala dos sentimentos sentidos não pode falar
Quando dizer é mentir, e ficar quieto, omitir
o que nos resta é gritar calado
E calado eu sigo sem ser seguido
Afinal é melhor estar só quando se está perdido
Será?
Se quando me perco e estou perdido mas estou contigo, o destino não importa
E se a cada esquina a vida nos bate a porta
Procuro a chave do portão que abrirá teu coração
Mas não quero expor o nervo nem extirpar a flor
Não sei rezar nem tenho metáforas a propor
Tenho lembranças e um perfume
Uma ferida que não sangra, uma cicatriz sem dor [?]
Se por sofrer calado me consideras premiado
Trocaria este prêmio mudo pelo brado de ter-te mesmo derrotado
Se sabes por ti, rendo-me por nós
À deriva estou, à deriva estarei
Se o mundo a seis meios não comporta dois pares
A liberdade estaria em outros mares?
Entrego-me à sabedoria do eterno presente
e que leve o que serei para longe do que sou e do que seria
Liberdade é o acaso de autodestruir-se e aguardar a harmonia