quarta-feira, 1 de julho de 2009

Onde o Gilmar Enfiou o Nosso Diploma?



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Ao contrário do que o excelentíssimo ministro Gilmar Mendes alegou, o jornalismo é sim uma profissão que, como todas as outras, é de imprescindível necessidade que se tenha o diploma. Talvez o Ministro tenha cometido essa gafe, porque Ministro, assim como qualquer outro cargo político, não requer diploma, nem mesmo ensino médio. Então, provavelmente, Mendes, apesar de ser uma pessoa de cultura invejável, tenha deixado passar alguns fatos históricos em que a imprensa, e, por consequência, os jornalistas alteraram significativamente a conjectura do país, mostrando que o jornalismo, sim, é uma profissão que requer uma formação especializada, como as citadas pelo ministro: medicina, engenharia e [direito]. Pois todos hão de convir a inexorável similaridade entre as profissões de bacharel em direito e jornalismo... Acredito que, ao seu modo, cada uma das duas promove – ou deveria promover - políticas para tornar a sociedade mais igualitária, liberta e fraterna.
Só para refrescar a memória histórica do nosso ministro que humilhou, desacreditou e quis subjugar a profissão, o Brasil, hoje, é independente graças a atuação da imprensa, que só em 1808 foi autorizada a estabelecer-se na nova terra, pois todos – menos o nosso ministro – sabem da importância política que o jornalismo tem. Após 1808, a imprensa sofria a censura prévia, que impedia que notícias indesejadas chegassem ao conhecimento da população, mesmo tendo-se em vista que a população daquela época era composta, majoritariamente, por iletrados. Em 1822, com a revolução do Porto, em Portugal, a censura atrasaria a chegada das notícias, então ela foi abolida, o que possibilitou que conteúdos subversivos fossem difundidos. Então, a imprensa depôs um rei e conquistou um imperador, que foi deposto após ser acusado de mandar matar um ilustre – vejam a coincidência – jornalista, Líbero Badaró. O novo imperador manteve-se no poder até que revolucionários e abolicionistas começaram a propagar ideias contrárias ao império, através dos pasquins (imprensa alternativa de conteúdo satírico e difamatório). Assim instaurou-se a república velha, que foi derrubada pela imprensa partidária. Entrou Vargas que manteve-se no poder apoiado na imprensa radiofônica, mas sofreu um golpe articulado pelo jornalista Carlos Lacerda e... etc.etc. Poderia ser feita uma linha do tempo desde o descobrimento até hoje, mostrando que todos os pontos relevantes da história brasileira, e de qualquer outra nação, sempre estão atrelados à imprensa. Ou alguém se esqueceu de quem colocou e tirou a ditadura nesse país? Os mesmos órgãos que decidiram pelo golpe de 1° de Abril, também elegerem nosso presidente Fernando Collor de Melo. Agora eu pergunto: a ditadura representou ou não um risco à sociedade? Acredito que qualquer pessoa coerente concorde que sim. Aí é que reside a delicadeza da profissão: um médico ou um engenheiro podem colocar em risco a vida de muitas pessoas, mas esse [muitas] pode ser quantificado, já um jornalista pode causar danos a um número inestimável de pessoas, pois a informação não têm dono e voa livre, arrasando ou fazendo florescer as plantações por onde passa.
O nosso caro, muito caro, Gilmar Mendes, como um nobre senhor da direita, nada mais foi do que um fantoche das grandes empresas de comunicação.

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