terça-feira, 25 de agosto de 2009

Português ou Portugueis?


O aprendizado da linguagem é tido como um processo formal, rígido e antiquado; ainda mais quando pensamos nas novas gerações, inseridas na pós-modernidade, em que tudo é líquido, rápido e com a obsolescência previsível, imutável e quase imediata. Ou seja, não há tempo a se perder. Então, aprender a escrita e a pronúncia perfeitamente corretas, aparentemente, torna-se um paradoxo, pois, além de demandar tempo de aprendizagem, muitas vezes, a aplicação da língua correta dificulta a fluidez da comunicação nos novos meios tecnológicos, os quais requerem alta velocidade de emissão e recepção e níveis nulos de complexidade. Prova disso são as mensagens de celular e de comunicadores online, cuja linguagem adotada é própria e sem qualquer regulamentação formal; baseada apenas em convenções interpessoais.

O grande valor em deter-se às minúcias da língua é sempre manter intocável a sua essência. Quanto mais detalhada e complexa ela for, menos espaços existirão para serem preenchidos por novas convenções locais que, a longo prazo, a tornariam incompreensível para povos distantes, mas usuários de um mesmo idioma, e, portanto, integrantes genuínos de uma grande família. Isso não quer dizer que as línguas não devam evoluir, modificarem-se e desenvolverem-se, muito pelo contrário, no entanto esse processo deve ser homogêneo e coordenado; levando em consideração todos aqueles que compartilham dos mesmos códigos, contudo não têm acesso aos mesmos recursos que possibilitam essas “evoluções” torrenciais.

Mas aprender a língua pátria é mais do que simplesmente deter-se a regras e normas formais aparentemente sem qualquer sentido palpável, às vezes beirando à insignificância, o estudo da língua é estar inserido em uma conjuntura ampla e muito mais densa do que a percepção ingênua pode ater-se. O território delimita as fronteiras de uma nação, todavia a língua transcende os limites geográficos e é capaz de unir, não uma, mas várias nações sob a égide de uma mesma essência coletiva, responsável por acolher cada um dos indivíduos integrantes desse organismo vivo que é a cultura.

Por falar em cultura, palavra de difícil assimilação, não pela falta de definições, mas pelo excesso delas, é importante salientar o serviço da língua a ela, pois, junto com as regras sintáticas e morfológicas, inerentes a cada idioma, vão juntos valores éticos, morais e até fundamentos intelectuais. Dessa forma, a linguagem não estipula apenas uma forma de comunicação, mas também de entendimento da realidade. É possível ver fragmentos meus e seus constituindo povos de culturas, à primeira vista, antagônicas.

Em verdade, enquanto houver um americano, um europeu, um africano ou um asiático falando um mesmo idioma, o mundo nunca será grande o bastante para ser totalmente desconhecido ou polarizado. Aqui e lá sempre haverá um porto seguro para se ancorar.

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