sábado, 24 de janeiro de 2009

O Fim da Noite


A noite abraça-me fria na calada da alta madrugada. Estou só, a lua é minha confidente. O infinito parece a cada instante mais próximo das minhas mãos. Meus sonhos, meus temores e incertezas afogam minha alma; sufocam meus gritos.
Esse duelo noturno acompanha-me até o amanhecer; não tenho sono, não tenho insônia. Estou sóbrio, embriagado de tédio e angústias indefinidas. Quando o sol pedir licença, retirar-me-ei deste palco; esperarei novamente meu ato.
A vida é uma tristeza quase absoluta; rotinas cíclicas, infinitas. Trabalhos intermináveis.
Todas as manhãs, milhões de seres, em marcha fúnebre, dirigem-se às paradas dessas grandes cidades. Aglomeram-se, atrolham-se em pequenos espaços. Sono nos rostos, tristeza nos pensamentos. Qual o objetivo disso? Onde isso levará? Que fim encontraremos para além dessa vida? Semanas inteiras passadas em branco à espera do fim de semana. Não é o tempo que estamos matando, é a nossa vida que está morrendo.
Não vislumbramos os jardins, tampouco nossos parentes. Pensamentos a mil, vidas a dez. Estamos destinados a envelhecer,e, a beira da morte, compreender que tudo aquilo que passamos, passamos em vão. Será tarde, o tempo é imutável, o fim não. Viver o agora, é mais do que viver o presente, é garantir vida no futuro.
E mais uma vez o sol expulsa-me. Voltarei ao meu ciclo noturno e esquecerei dos sentimentos sentidos quando não estava em posse de minha razão.


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