Nas ruas de uma noite eterna se misturam presente, passado e
futuro. Alegorias vaticinam o além. Entre lágrimas e lamentos, escorrem
presentimentos presentidos na escuridão de um desalento. Do desamparo decaído,
um bordão faz eco à solidão de um grito retraído. Se o destino se fez algoz, o
acaso acalenta a atroz agonia. De mãos dadas, ilusão e nostalgia amaldiçoam o
pretérito quase-perfeito. A débil perseverança amordaça a razão. Fac-símile do
absurdo, a existência transveste-se de nonsense.
O ponto alto da tragédia é a consciência do existir nu, despido de qualquer
cobertor. Sísifo, sua rocha e seu penedo. A verdade da pedra antagoniza o
obscurantismo do peito. Voltar para trás, descer para baixo. O pleonasmo
ratificador aponta a inconteste direção da decadência. Na ausência do reflexo,
o espelho e sua mentira esfacelam-se. Dos cacos reluzentes, mil imagens reverberam as trevas que pululam dos poros e inundam alma. Demasiadamente humano para assentir
a condição de ser livre, liberto, solto, isolado. Desconstrução, desmistificação,
destruição. Caminhos a caminhar, nados a nadar. Nada.
CESURA PARA CENSURA
-
Pode ser meu eu,
Na luz do que sou,
desvelando ser,
revelando ter
Imaginação?
Posso ter meu eu,
Na sombra que fui,
Confessado ser,
Privado de ter
Imagi...
Há 4 anos
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